sábado, 7 de maio de 2011

Culturas Populares: na defesa de uma identidade

Por Nayara Brito

A riqueza da cultura nordestina é inquestionável. Há um bom tempo ela vem sendo utilizada na geração de um outro tipo de riqueza, a material, notadamente nas festas de caráter folclórico que, se por um lado divulgam a nossa cultura, parecem distorcer seu verdadeiro sentido, que é o de construção de uma identidade toda própria – toda nossa. O conceito de cultura popular é confundido com a de massa e associado erroneamente a determinados produtos produzidos por este tipo de indústria.

Caminhando contra essa corrente está a Universidade Federal da Paraíba, que desde os anos 1960 vem desenvolvendo um projeto de sistematização dos estudos e pesquisas acadêmicas sobre as culturas populares. O trabalho se concentra hoje no NUPPO – Núcleo de Documentação e Pesquisa das Culturas Populares, órgão vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. A coordenadora do núcleo, a Professora Beliza Áurea, chama atenção para a pluralidade do termo – culturas populares –, em considerando as várias culturas que, hibridizadas, construíram a nossa identidade, dentro da qual ainda podemos encontrar várias subculturas, não no sentido de inferioridade, mas partes de um todo. 

Essa é uma das perspectivas do NUPPO, pesquisar as representações das culturas populares e o seu simbolismo, como marca da nossa identidade. Outro mote é a observação e o conhecimento da dinâmica da cultura, ainda como construção de identidade, desde a tradição até a contemporaneidade e sua relação de retroalimentação com a cultura erudita, no sentido de não mais repetir um folclore que é estático, mas é a quem sempre se recorre na hora de representar ou de apresentar nossa região a outras culturas.

Beliza também atenta para o fato de a cultura popular não se restringir à literatura (folhetos de cordel), mas também aos brincantes, às festas de reisado e ao artesanato, hoje tão divulgado pelos governos estadual e municipal. O artesanato tem, hoje, um papel importante no contexto da sustentabilidade, tão famigerada pelos meios de comunicação. 

O NUPPO mantém um projeto em desenvolvimento desde 1978, o Jornada de Contadores de Estória da Paraíba, que se dedica à coleta, estudo e divulgação do conto popular. O acervo do NUPPO conta com mais de Nº áudios de histórias de contadores espalhados pela Paraíba. Alguns chegaram a ser publicados, sob organização do Ex-Professor Altimar Pimentel, antigo coordenador do Núcleo, em volumes como Contos Populares Brasileiros, pela Editora Massaranga. Falecido recentemente, todo o material do Professor Pimentel foi doado por sua família à biblioteca do NUPPO, que hoje recebe o nome do antigo professor em sua homenagem. A biblioteca é aberta ao público em geral e conta com acervo pequeno, porém raro, que inclui além de livros, revistas, boletins, documentos, folhetos de cordel, etc.

O núcleo está aberto para visitação de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h, no térreo da Reitoria da UFPB, Campus I. Mais informações no site: http://www.prac.ufpb.br/coex/nuppo/acervo.php ou pelo telefone: (83) 3216-7069.

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